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Em seis Jornadas Pedagógicas, mil participantes já se reuniram para discutir desafios e perspectivas para a educação, a sala de aula e a formação do professor

A coordenadora de licenciaturas da PUC-Rio, Maria Rita Passeri Salomão, abre o encontro ao lado da diretora geral do Colégio Teresiano, Glória Fátima do Nascimento - Foto: divulgação
Há aproximadamente oito anos, PUC-Rio e Colégio Teresiano realizavam a primeira Jornada Pedagógica: As licenciaturas dialogando com a Escola Básica. Uma jornada desafiadora, mas gratificante, que resultou em convênios, projetos e no constante aprimoramento dos programas de formação de professores. A cada ano, cresce o número de participantes, que atingiu a marca de mil na última edição. Estágios curriculares, formação do professor, diretrizes curriculares, desafios da sala de aula foram alguns dos temas debatidos em anos anteriores.

No dia 20 de setembro, a Jornada Pedagógica chegou a sua sexta edição abordando o Direito à educação: trajetórias e desafios. O encontro envolveu aos professores e alunos das diversas licenciaturas, estagiários de Prática de Ensino, estagiários do PIBID/PUC-Rio, residentes e membros de unidades escolares parceiras.
Na cerimônia de abertura – que contou com a participação da diretora geral do Teresiano, professora Glória Fátima do Nascimento – a professora Maria Rita Passeri Salomão, coordenadora de licenciaturas da PUC-Rio, relembrou a primeira jornada, cujo objetivo era tratar dos estágios curriculares obrigatórios das diversas licenciaturas. “Também sentíamos que era o momento de consolidar a parceria Universidade, escola e secretarias de educação. A Lei 11.788/2008, recém-publicada à época, passava a exigir a celebração de convênios para a realização dos estágios curriculares obrigatórios, observa, lembrando que um longo caminho foi percorrido na preparação dos convênios:
– Hoje temos convênios com a SME/SEEDUC/Colégio de Aplicação da PUC-Rio, instituições federais de ensino, Instituto Superior de Educação Pró Saber e mais de 30 unidades escolares privadas. Constituímos uma rede de interfaces e trocas, onde nossos alunos podem vivenciar o cotidiano das unidades escolares possibilitando estreitar as relações entre a Universidade e a escola, criando canais de comunicação eficientes e minimizando a distância entre a teoria e a prática, bem como proporcionando melhor articulação entre o conteúdo específico das licenciaturas e a formação do professor, através do conhecimento da realidade e das demandas da escola.
Para a coordenadora, as Secretarias Municipal e Estadual de Educação constituem grandes parceiras da Universidade ao abrir suas unidades escolares não apenas para os alunos em estágios curriculares obrigatórios, mas, sobretudo, para os programas PIBID e Residência Pedagógica, financiados pela CAPES.

Entre os desafios, Maria Rita assinalou a Resolução nº02/2015/CNE, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores e ainda gera uma série de dúvidas. “ A resolução tem sido objeto de estudo nas nossas licenciaturas, buscando adaptar os projetos pedagógicos de curso ao seu conteúdo e à carga horária proposta. Seu prazo para implementação já foi adiado por três vezes e, atualmente, o parecer retornou ao Conselho Nacional de Educação e encontra-se em nova discussão”.
Sexta jornada – A VI Jornada Pedagógica: As licenciaturas dialogando com a Escola Básica foi estruturada em duas mesas: a primeira, coordenada pela professora Rejan Guedes-Bruni, diretora do Departamento de Ciências Biológica, referiu-se ao tema central contemplando aspectos sociais, históricos e as novas políticas educacionais. Participaram do painel os professores Marcelo Burgos, do Departamento de Ciências Sociais, Patrícia Coelho, do Departamento de Educação, e Edgar Lyra Neto, do Departamento de Filosofia.
O professor Marcelo Burgos abriu o painel apresentando a educação no centro dos conflitos políticos e ideológicos brasileiros.
– De um lado, pode-se afirmar que ela nunca foi tão reconhecida pelas famílias e estudantes de classes populares como central às suas vidas, mas, de outro lado, nunca foi tão centralmente atacada, por diferentes grupos do movimento Escola Sem Partido e por grupos associados a bancadas religiosas, identificadas com pautas moralistas, alertou.
A exposição abordou essas questões, procurando mostrar como a construção do direito à educação no país é um processo complexo, tanto no que se refere aos múltiplos desafios da administração e da gestão pública, quanto no que se refere aos embates políticos, em um país no qual a escolarização das classes populares tende a fazer real diferença no seu acesso ao direito a ter direitos.
Com base em estudos sobre arquitetura escolar e cultura material, a professora Patricia Coelho discorreu sobre análises das concepções de educação presentes em três fases distintas do processo de expansão escolar no município do Rio de Janeiro, entre os anos 1931 e 1994: a administração de Pedro Ernesto (1931,1935), o governo de Carlos Lacerda (1961-1965) e a gestão de Leonel Brizola (1983-1987 e 1991-1994).
O professor Edgar Lyra fechou o primeiro painel com um resgate cronológico das novas políticas públicas de educação, retroagindo ao PNE (Plano Nacional de Educação), de 2014, e seguindo pelos governos Dilma e Temer, com a elaboração da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e Reforma do Ensino Médio (Lei 14415/2017).

– O ponto de chegada foi a identificação e a reflexão sobre as ações do Ministério da Educação do governo Bolsonaro. E agora? – é a pergunta que encerrou a apresentação como convite a pensar, com conhecimento de causa, sobre nosso futuro educacional imediato, pontuou.
A segunda mesa, coordenada pela Professora Maria Cristina Góes, do Departamento de Letras, apresentou o programa de Residência Pedagógica, da CAPES, como fator inovador na formação do professor, relatando ainda a experiência que vem sendo desenvolvida no Colégio Teresiano. Participaram do painel os professores Diogo Pinheiro dos Reis Andrade, da EM George Pfisterer, Glauce Vieira, do Colégio Teresiano, a aluna Samyres Amaral Freitas, da Licenciatura em Letras da PUC-Rio, e o aluno Matheus Silva, da Licenciatura em Física da UFRJ.
Segundo Maria Cristina, o painel apresentou os impactos dos programas – de Residência Pedagógica da PUC-Rio/CAPES e de Residência Docente do Colégio Teresiano – nas escolas e na formação inicial e continuada do professor, trazendo o ponto de vista de dois professores e de dois licenciandos participantes de cada programa.
– Tendo em vista o tema da sexta jornada, não se poderia deixar de pensar em que consistiria uma educação de qualidade, em como seria possível obtê-la e qual o papel do professor diante das demandas impostas pela contemporaneidade e pelas características próprias do nosso país”.
Foi a partir desse questionamento que o evento propôs um painel sobre formação de professores, mais especificamente, sobre o conceito de residência pedagógica. Nosso painel apresentou dois programas de estágio voltados essencialmente para a prática pedagógica: o primeiro, subvencionado pela Capes (Edital nº 6/2018), concede equivalência ao estágio supervisionado obrigatório dos cursos de Licenciatura; já o segundo pode ser vivenciado pelos licenciandos como estágio não-curricular, como uma experiência a mais.
