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Vice-reitoria para Assuntos Acadêmicos

Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
A escola do século XXI e a valorização da docência
Projetos aprovados pela Capes, Pibid e Residência Pedagógica buscam valorizar e atualizar o profissional, incentivar os alunos, e entender e atuar sobre a realidade das escolas de ensino básico

Professora Maria Rita Salomão, coordenadora de licenciaturas: sexto ano à frente do Pibid/PUC-Rio - Foto: Renata Ratton, Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos


Em resultados divulgados em 1 e 8 de agosto, pela Capes, a PUC-Rio foi habilitada para dar início a seus projetos no âmbito do Programa de Residência Pedagógica (RP) e do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

O Pibid, que já entra no sexto ano de execução na Universidade, foi concebido pelo MEC/Capes com o objetivo de promover a iniciação do licenciando no ambiente escolar, ainda na primeira metade do curso, e estimula a observação e a reflexão sobre a prática profissional no cotidiano das escolas públicas de educação básica desde o início da jornada do docente. Na PUC-Rio, tem tido uma trajetória de sucesso na parceria com as escolas integrantes, que culminou com o lançamento do livro Experiências na formação de professores: cinco anos do Pibid/PUC-Rio em 2017.

– Com a concessão de 72 bolsas de iniciação à docência e a participação de 18 voluntários, constituímos um subprojeto multidisciplinar com três núcleos envolvendo os seguintes componentes curriculares: Filosofia e História; Ciências Sociais e Geografia; e Letras – Língua Portuguesa e Língua Inglesa – Pedagogia, esclarece a coordenadora institucional do Pibid/PUC-Rio, professora Maria Rita Passeri Salomão. O trabalho será desenvolvido em parceria com as escolas municipais George Pfisterer, Manuel Cícero, São Tomás de Aquino, Desembargador Oscar Tenório e Sérgio Vieira de Mello, e com os colégios estaduais Ignácio Azevedo Amaral e André Maurois.

Os núcleos serão coordenados pelos professores das respectivas licenciaturas da Universidade, que assumem a função de coordenadores de área. O conjunto ainda compreende nove professores-supervisores da rede pública, sete unidades escolares (sendo cinco escolas municipais e dois colégios estaduais, localizados no Rio de Janeiro.

–  A possibilidade de dar continuidade às atividades exitosas do Pibid reforça a articulação entre as diferentes áreas do conhecimento e a integração do subprojeto multidisciplinar no planejamento das ações específicas e na sua implementação. Se o ponto de partida na formação de novos professores permanece tendo como horizonte “uma escola à altura de seu tempo”, a esse desafio outro deve ser acrescentado: formar professores como condição para formar alunos do século XXI. O que se propõe, portanto, é a formação de docentes que, cotidianamente, deverão possibilitar a seus alunos conhecer e compreender o mundo onde vivem e convivem, observa Maria Rita.

Segundo ela, a articulação entre os componentes curriculares acontecerá de forma permanente, uma vez que suas ações serão desenvolvidas em torno das licenciaturas e das unidades escolares parceiras e buscarão estabelecer práticas de colaboração interinstitucional entre os saberes produzidos pela Universidade e os saberes construídos pelos professores nas escolas, por meio da prática pedagógica.

Residência Pedagógica

A Residência Pedagógica é um novo programa da Capes, que tem o objetivo de trabalhar com os alunos que já estão na fase do estágio curricular, do quinto período em diante. “No novo formato, o Pibid compreende alunos até o quarto período, então a ideia é que, durante toda a sua formação, os licenciandos estejam engajados a programas de bolsa”, explica a professora Maria Cristina Góes, coordenadora institucional do programa de Residência Pedagógica na PUC-Rio, que terá duração de 18 meses e contará com a participação do Departamento de Letras, de 24 residentes bolsistas e seis voluntários.


Formação continuada e entusiasmo na Residência Pedagógica - professores Beatriz Barreto, de Letras, Diogo de Andrade e Arthur Perez, da E.M. George Pfisterer, e Maria Cristina Góes, coordenadora do projeto, em reunião de trabalho no Departamento de Letras da PUC-Rio - Foto: Renata Ratton, Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos


Maria Cristina comenta que o estágio supervisionado não contemplava nenhum tipo de bolsa para os alunos e os professores da escola. “É o primeiro programa de formação de professores que vê o estágio de outra maneira. Os alunos selecionados recebem uma bolsa e o professor da escola também, por recebê-los, orientá-los e construir o trabalho coletivo”.

A professora espera que a bem-sucedida aproximação com as escolas, característica das licenciaturas da PUC-Rio, se repita na RP, inserindo o licenciando na prática, vivenciando o dia a dia da escola. Os professores das escolas municipais George Pfisterer e Christiano Hamann, ambas do Rio de Janeiro, participarão de cursos de formação continuada no Departamento de Letras, ao longo de todo o projeto.

– A gente pensa numa formação em que todos se formam; nós, como formadores de professores; os professores, como formadores de alunos; e os alunos, como futuros professores. Estamos unidos contribuindo para essa formação porque ela não é pensada a priori. Na medida que as questões se colocam na escola, temos um fórum de discussão, um fórum de estudos, um fórum de experimentos, de ideias. Dentro da nossa perspectiva, todos aprendem porque ninguém forma o formador de professor: com a própria experiência e com a ajuda do grupo, vamos pensando em conjunto, sublinha a professora Beatriz Barreto, do Departamento de Letras, e integrante da equipe do programa.

Ela menciona a perspectiva da Prática Exploratória, que já vem sendo trabalhada nas licenciaturas de Letras, e que é justamente a ideia desse trabalho. “Nós vamos juntos para a sala de aula, os alunos levantam os questionamentos no momento em que a aula acontece. Os professores de escola também vêm para o encontro com os residentes”, completa Maria Cristina.

O professor Diogo de Andrade, da EM George Pfisterer, lembra que, historicamente, foi vivenciado um distanciamento entre a universidade e a escola no processo de formação de professores:

– Esse projeto eu vejo como uma iniciativa que insere o universitário na realidade mais pungente possível. Para a formação de professores, eu o vejo como revolucionário; para a formação continuada nossa, de professores, preceptores, de nós que atuamos na escola pública, será uma oxigenação na nossa prática porque estaremos convidados, o tempo todo, a rever nosso planejamento, a repensar aquilo que não deu certo recebendo ideias e propostas dos residentes que, de alguma maneira, nos levem para o lugar do incômodo, da instabilidade quanto ao que tínhamos de certeza. Então, para nós, será uma oportunidade de voltar ao primeiro amor com a nossa profissão, declara.

O professor Arthur Perez, também da EM George Pfisterer, acha importante frisar o encontro da universidade com a formação do ensino básico:

– Nós já temos um pensamento da relação com a universidade quando estamos no ensino médio, pelo menos a maioria dos alunos está com essa intenção. O que eu acho revigorante nesse projeto é pensar a residência na escola básica, essa é uma grande pérola para todos os profissionais da educação, fazer uma revisita a esse primeiro amor. Acho que, numa primeira avaliação, esse é o grande diferencial do projeto.

Beatriz Barreto reitera que a proposta não é procurar uma solução pronta, e que o maior objetivo é compreender o que acontece na sala de aula, enquanto acontece, numa formação crítica e reflexiva do aluno como um professor-pesquisador, que não necessariamente busque um modelo. “Na fórmula mais simples, é desenvolver um trabalho para entender.”




Publicada em: 15/08/2018