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Vice-reitoria para Assuntos Acadêmicos

Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
PUC-Rio realiza webinars Pilotos IoT de lançamento e acompanhamento de projetos interdisciplinares nas áreas de saúde e agricultura, com recursos do BNDES

Encontros contaram com a participação de membros dos ministérios de Agricultura e de Tecnologia, Ciência e Inovação, de executivos do Banco e de pesquisadores e empresas de tecnologia envolvidos nos pilotos do Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul

À esquerda: Lançamento oficial dos projetos - piloto foi feito no primeiro webinar da série Pilotos IoT, no dia 10 de novembro; à direita: A professora Marlene Pontes, do CETUC, coordenadora de ambos os pilotos, fala aos presentes durante a cerimônia de abertura


No dia 8 de dezembro, a PUC-Rio realizou, na Plataforma Ecoa, o segundo webinar da série Pilotos IoT,  trazendo atualizações e boas práticas científicas e tecnológicas no âmbito de projetos-piloto nas áreas de agricultura e saúde financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento, em parceria com empresas e ICTs.

O lançamento oficial do programa ocorreu um mês antes, em seguida à assinatura dos contratos com o BNDES: Conecta Saúde e Campo Conectado. Além do BNDES, os pilotos recebem financiamento das empresas Biomtech, Engie, Nokia e Vikan. As empresas e institutos de pesquisa Alis, American Tower, Biomtech, BrasilSat, Briskcom, CBPF, Inmetro, Datora Arqia, Embrapa, Engie, Hispamar, Kore, Laura, Mareste, Method’s, Metos Brasil, Provide, Suno, Vitai, Tim e TSM participarão com o aporte de tecnologias.

– No âmbito da Universidade, o Centro de Estudos em Telecomunicações (CETUC), da Engenharia Elétrica, o Laboratório de Engenharia de Software(LES), da Informática, e o Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) trabalham em conjunto. O Inmetro, parceiro da PUC-Rio em vários projetos de pesquisa, vai atuar na avaliação dos pilotos quanto à robustez das soluções, às condições de replicabilidade e à relação custo-benefício no uso das soluções, esclareceu a professora Marlene Pontes, do CETUC, coordenadora dos pilotos.

Os webinars também contaram com a presença de empresários do setor interessados em investir em conectividade. A partir de agora, a cada mês será feita uma apresentação sobre as tecnologias implementadas e os resultados obtidos nos pilotos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Mato Grosso do Sul.

O lançamento Pilotos IoT foi realizado em dois turnos – Saúde e Agricultura – e aberto por Marlene Pontes, que realizou uma apresentação geral dos objetivos e tecnologias. Carlos Azen, gerente do Departamento de Tecnologias de Informação e Comunicação do BNDES, relembrou, em seguida, o primeiro estudo contratado pelo BNDES em parceira com o MCTIC,  denominado Internet das Coisas: um plano para o Brasil –, que gerou amplo engajamento do ecossistema de IoT brasileiro. Segundo ele, as iniciativas propostas foram organizadas em ações transversais envolvendo capital humano, inovação e inserção internacional, regulamentação, segurança e privacidade e infraestrutura de conectividade e operabilidade.

– A implementação de projetos-pilotos foi uma das inciativas de impacto recomendadas pelo estudo e incorporadas ao Plano Nacional de IoT. Os pilotos deveriam focar no desenvolvimento de soluções integradas de IoT por meio de testes em ambientes reais, cujos impactos possam ser avaliados, de modo a permitir sua massificação, viabilidade comercial e interoperabilidade. A implementação de projetos-pilotos foi uma das inciativas de impacto recomendadas pelo Estudo e incorporadas ao Plano Nacional de IoT, observou.

No momento, o BNDES já investiu R$30 milhões em projetos, que obtiveram mais R$58 milhões de contrapartidas; 15 projetos em áreas estratégicas foram selecionados e nove foram contratados em todo o País. Onze ICTs e mais de cinquenta empresas ou startups estão envolvidas no processo.

Na área da Saúde, a gerente de Inovação do Instituto D'Or de Pesquisa e Inovação (IDOR), Krissya Tigani, abordou o processo de inovação na saúde, com foco nos benefícios auferidos por profissionais do ramo, pacientes e administração hospitalar a partir da adoção de monitoramento e inteligência nos hospitais digitais.

– O hospital digital caminha na direção de criar um ambiente mais controlado pela TI para aumentar a segurança do paciente. Aspectos importantes do atendimento passam a ter um uso mais intensivo da tecnologia, visando eventos adversos e situações de risco, como dosagens, horários e medicamentos errados. O hospital digital já é uma nova tendência e deve se expandir, assim como impulsionar várias tecnologias embarcadas nele, como a interface entre sistemas e equipamentos médicos, a eliminação do papel, a integração das imagens médicas com o Prontuário Eletrônico do Paciente, a avaliação e dupla checagem farmacêutica e a verificação dos cinco parâmetros na beira do leito (data, hora, paciente, via e dose). Aliar segurança e produtividade é muito estratégico, por isso esse assunto vai ser pauta nos hospitais, concluiu Krissya.

José Gontijo, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e da Câmara IoT na Saúde abordou, na sequência, as demandas e desafios do uso de tecnologia para melhoria dos serviços de saúde; Guilherme Rabello, Gerente de Inteligência do InCOR e da Fundação Zerbini, tratou dos desafios para a melhoria dos serviços de saúde; e Ricardo Barreto apontou soluções tecnológicas para a área de saúde.

Jacson Fressato, inventor da primeira plataforma de inteligência artificial do mundo a gerenciar riscos, contou a história e as aplicações inovadoras do Robô Laura, uma tecnologia inovadora implantada nos hospitais para identificação precoce dos riscos de deterioração clínica. O recurso, que foi criado pelo arquiteto de sistemas após a morte de sua filha por sepse, usa a inteligência artificial e a tecnologia cognitiva para fazer o gerenciamento de dados da rotina do hospital e emitir alertas. Ativa desde 2016, a Laura já teve cerca de 8,4 milhões de atendimentos analisados e reduziu em 25% a taxa de mortalidade. Às exposições se seguiu uma roda de conversa mediada pelo presidente do Comitê Consultivo do Projeto Pilotos IoT da PUC-Rio, Antonio Carlos Valente.

O segundo turno de apresentações trouxe à pauta a agricultura 4.0, com abertura realizada por Sibelle de Andrade Silva, do Departamento de Apoio à Inovação para a Agricultura, do Ministério da Agricultura, que tratou de agronegócios e as estratégias de conectividade rural.

Eliana Emediato de Azambuja, do MCTI, esclareceu sobre o trabalho da Câmara Agro 4.0, criada em 2019 com o objetivo de promover as ações de expansão da Internet no campo e a aquisição de tecnologias e serviços inovadores no ambiente rural. A iniciativa visa ampliar a conectividade no campo e estabelecer ações para que o Brasil seja um exportador de soluções de internet das coisas com aplicação no agronegócio, com destaque para a importância do alcance aos pequenos produtores.

Silvia Massruhá, da Embrapa e da Câmara de IoT, mostrou como a tecnologia, especialmente IoT, pode beneficiar o desenvolvimento e o crescimento do setor agrícola, por meio do conteúdo digital; Sergio Chaves, da Hispamar, abordou as demandas, os desafios e os usos atuais de satélites no ambiente rural, na visão e expectativa da Hispamar; Michel Rubin, da Metos Brasil, apontou benefícios e desafios dos sensores na agricultura e Janilson Bezerra, da TIM, sobre planos e perspectivas da conectividade no ambiente rural.

Segundo encontro – O webinar do mês de dezembro foi aberto pelo presidente do Comitê Consultivo do Projeto Pilotos IoT da PUC-Rio, Antonio Carlos Valente, seguido por Ricardo Inamasu, que desde 1989 atua como pesquisador da Embrapa Instrumentação, em São Carlos, e é também o coordenador da Rede de Agricultura de Precisão. Inamasu tem atuação em sistemas de instrumentação para agricultura de precisão, robótica, sensoriamento de alta resolução, máquinas agrícolas, e iniciou sua exposição ressaltando a importância do uso de sensores na agricultura, que se prestam à medição precisa de grandezas fundamentais ao bom andamento da produção.

O pesquisador Ricardo Inamasu, da Embrapa Instrumentação
Alexandre Dal Forno, da TIM Brasil
Luiz Ary Messina, coordenador nacional de Rede Universitária de Telemedicina RUTE da Rede Nacional e Ensino e Pesquisa RNPcoordenador nacional de Rede Universitária de Telemedicina RUTE da Rede Nacional e Ensino e Pesquisa RNP
A endocrinologista Henyse Valente falou sobre fatos e fakes na Telemedicina

– O que assistimos hoje, em termos de sensores e IoT, é que a IoT tem trazido um grande poder de processamento dos sinais capturados e processados pelos transdutores. Podemos conjugar vários sensores e buscar dados precisos das variáveis que queremos medir – observou.  O pesquisador destacou as variáveis de interesse no ambiente agrícola: clima (previsão do tempo); estado físico, químico e biológico do solo; estado de saúde, nutricional e de estresse de planta e animal; população de elementos interferentes na produção (identificação e contagem de vetores e de micro-organismos), e qualidade das operações antrópicas (máquinas e equipamentos, entre outros):

– O clima é uma variável fundamental por conta da umidade e da água, que carreia o nutriente para a planta e é o elemento limitador de seu potencial genético; em relação aos estados, normalmente se dá mais valor às variáveis químicas, que são os componentes do fertilizante e dos macro e micro nutrientes,  mas a avaliação do estado físico também é muito importante porque é ele que pode armazenar ou disponibilizar mais ou menos água; em relação à população, estamos falando basicamente de doenças e pragas. Com a eletrônica embarcada, todas as informações obtidas podem ser interligadas. Hoje, temos satélites que são fundamentais para detectar a fertilidade por áreas de campo – cabendo a cada uma delas recomendações diferentes. Temos drones e outros elementos para realizar mapeamentos precisos dos solos através do processamento de sinais, que serão levados para a nuvem.

De acordo com Inamasu, o mapeamento é fundamental para a boa produtividade e para alcançar o potencial genético das plantas, a partir de decisões quanto à aplicação de fertilizantes e corretivos, aplicação de agroquímicos, de semente, irrigação à taxa variada, entre outras ações.

Alexandre Dal Forno, da TIM Brasil, responsável pelo projeto 4G TIM no Campo, falou sobre conectividade no campo reiterando o desafio de, através de todo o sensoriamento, conseguir gerar informação para a tomada de decisões rápidas sobre a safra.

Como desafios, listou o apontamento georreferenciado, em tempo real, tanto agronômico quanto de máquinas; a comunicação entre equipes, que faz, por exemplo, com que um operador de uma máquina quebrada converse rapidamente com um mecânico e mostre seu defeito, considerando que as distâncias do agro são enormes.

– Temos ainda os desafios do plantio, do trato e da colheita, com toda a parte de controle de velocidade das máquinas, de temperatura; de operação das máquinas, gerando economia de combustível, um dos maiores custos do agro, que é o diesel, o acompanhamento do plantio... Além disso, há todo um ecossistema de dispositivos – módulos de IoT, sensores e armadilhas disponíveis, estações meteorológicas, conexão entre máquinas, rastreadores de cargas, de insumos. Por último, nossos celulares e tablets nos ajudam muito com seus sensores embutidos, fornecendo muitas informações para a gestão e coleta de dados. Esses desafios têm em comum a necessidade da conectividade levando as informações para a nuvem, é possível tomar decisões em tempo real, dentro da safra, avaliou Dal Forno.

Segundo ele, a solução proposta pela TIM foi baseada na mesma rede 4G de 700MHz utilizada na cidade, simplificando a vida do produtor. A tecnologia adotada é padrão mundial, pronta para IoT, e com arquitetura apta a toda evolução tecnológica mundial.

Na área da saúde, o coordenador nacional de Rede Universitária de Telemedicina RUTE da Rede Nacional e Ensino e Pesquisa RNP e presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde ABTmsm, Luiz Ary Messina , falou sobre a implementação da telessaúde e da telemedicina no País abordando a Estratégia de Saúde Digital do Governo Federal e o programa Conecte SUS e a criação da Frente Parlamentar da área de Saúde:

– Na semana passada, tivemos o lançamento da Frente Parlamentar da área de Saúde, quando fiz um alerta para a necessidade de uma política nacional de telessaúde, um marco regulatório que contemple os pilares de ciberestrutura, interoperabilidade, recursos humanos e governança, garantindo investimentos à telessaúde no SUS e formação permanente de recursos humanos, consolidando a universalização, a integralidade e a equidade do SUS, esclareceu Messina.

O coordenador da RUTE também sublinhou a preocupação com o incremento às redes acadêmicas e pesquisa por meio da RNP, organização social do MCTI, para o que a conectividade se faz fundamental.

A endocrinologista e professora da UERJ Henyse Valente da Silva encerrou as apresentações do segundo webinar Pilotos IoT  trazendo ao debate a visão clínica da telemedicina.

– Para nós médicos, é uma experiência muito nova, os médicos sempre relutaram bastante. Com a chegada da pandemia, tudo mudou, porque os pacientes precisavam de nossa atenção. A telemedicina facilitou muito o acesso a laudos de exames e o acompanhamento de pacientes crônicos, por meio do telemonitoramento. O telemonitoramento ajuda a cobrar dos pacientes os resultados que eram cobrados nas consultas presenciais, apontou a médica.

Segundo Henyse, entre os benefícios elencados para os médicos estão ausência de deslocamento, a acessibilidade garantida, a melhora no relacionamento e acompanhamento, a redução de infecções por contato, o compartilhamento de informações e a aquisição de pacientes. Para as clínicas, o aumento de produtividade, a agilidade e a redução de custos dos laudos, a ampliação do atendimento por especialistas e o armazenamento de dados na nuvem.

Como desvantagens, a médica apontou os investimentos em equipamentos digitais, plataformas, internet, softwares, as dificuldades em estabelecer limites para os atendimentos, o treinamento e a mudança nas rotinas.

Henyse abordou ainda os protocolos necessários para teleconsultas, bem como os requisitos mínimos de segurança que precisam ser adotados pelas plataformas para garantir a privacidade de dados dos pacientes. Na conclusão, trouxe fatos e fakes da telemedicina.




Publicada em: 15/12/2020