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Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
Entre os melhores, pelo melhor

Bernardo Strassburg, da Geografia, é líder de artigo publicado na revista Nature e coautor de outros três trabalhos divulgados na Nature e na Science, todos voltados à preservação de espécies e à restauração de ecossistemas em todo o planeta

Bernardo Strassburg, coordenador do Centro de Ciências e Sustentabilidade da PUC-Rio - foto: arquivo pessoal

 

Quando salvar o planeta se torna tarefa cada vez mais complexa, fornecer subsídios científicos e ferramentas eficazes para a tomada de decisões por líderes mundiais é trabalho para os grandes: grandes cientistas e pesquisadores, e entre eles está o professor Bernardo Strassburg, do Departamento de Geografia e Meio Ambiente, coordenador do Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade do Rio, sediado na PUC-Rio.

Em menos de dois meses, o professor figurou como autor principal ou coautor de quatro artigos de alto impacto nos periódicos Nature e Science, que têm como foco a preservação de espécies e a restauração de ecossistemas, além da mitigação das mudanças climáticas.

Liderança - Divulgado nas principais mídias do país e internacionais, o estudo Global priority areas for ecosystem restoration, publicado em 14 de outubro, na Nature, trouxe Strassburg como autor principal, e a professora Agnieszka Latawiec, também da Geografia, entre os 26 coautores provenientes de 12 países. Os dois professores coordenam o recém lançado Mestrado Profissional em Ciência da Sustentabilidade [http://mestradosustentabilidade.usuarios.rdc.puc-rio.br/], no qual também lecionam outros cinco coautores do estudo.

Utilizando plataforma sofisticada de otimização, que aplica uma multiplicidade de critérios e oferece uma abordagem matemática para encontrar soluções precisas para uma variedade de problemas o estudo mostra que o retorno de alguns ecossistemas específicos, no mundo, ao seu estado natural (restauração), salvaria a maior parte das espécies terrestres de mamíferos, anfíbios e pássaros, ameaçadas de extinção e, ao mesmo tempo, absorveria mais de 465 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.

Trata-se do primeiro trabalho a demonstrar evidências de abrangência mundial de que a localização é o fator mais importante para os esforços de restauração que almejem resultados profundos em prol das metas de biodiversidade, clima e segurança alimentar. De acordo com a pesquisa, a restauração pode ser treze vezes mais custo-eficaz quando feita em locais de maior prioridade:

- Aliada à conservação dos remanescentes de ecossistemas ainda em seu estado natural, a restauração de 30 % das áreas prioritárias identificadas evitaria até 72% das extinções projetadas e absorveria uma quantidade equivalente a 49 % de todo o carbono acumulado em nossa atmosfera nos últimos dois séculos - sublinha Strassburg.

 


Infográfico do artigo Global priority areas for ecosystem restoration, liderado pelo pesquisador e publicado em outubro, na Nature

Alertas da ONU que apontam para a perda de um milhão de espécies nas próximas décadas constatando que o mundo falhou, em grande parte, em seus esforços para atingir as metas mundiais de biodiversidade definidas em 2020, incluindo a restauração de 15% dos ecossistemas do planeta.

Segundo o pesquisador - que é também diretor-executivo do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) – as mensagens centrais do estudo já foram incorporados ao rascunho preliminar do que se espera ser um acordo mundial de proteção à natureza, a ser assinado na conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) das Nações Unidas que acontecerá em Kunming, China, em 2021.

- Para evitar que as crises climáticas e as ameaças à biodiversidade saiam do controle, é fundamental fomentar  planos de restauração que incluam todos os tipos de ecossistemas, como  florestas, savanas, campos, áreas alagadas e ecossistemas áridos. Nós mostramos que, com bom planejamento, é possível fazer isto em escala sem impactar a produção de alimentos, observa o professor.

De acordo com Strassburg, a urgência mundial relacionada ao clima, à biodiversidade e às questões orçamentárias exigem soluções que lidem com todos esses aspectos, e o trabalho as oferece. Os resultados destacam a importância primordial da cooperação internacional para alcançar os objetivos, com cada país desempenhando um papel diferente e complementar no cumprimento das metas globais de biodiversidade e clima.

De acordo com Thomas Brooks, cientista-chefe da União Internacional para Conservação da Natureza e um dos coautores, o estudo demonstra uma aplicação crucial, mas até então inexplorada, da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN, servindo de insumo para as discussões do próximo ano no Congresso Mundial de Conservação da IUCN e na 15ª Conferência das Partes da CDB sobre a implementação de compromissos políticos, incluindo o Desafio de Bonn, a Década de Restauração da ONU e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Coautoria - Na qualidade de coautor, o professor Bernardo Strassburg integrou os trabalhos Bending the curve of terrestrial biodiversity needs an integrated strategy e Area-based conservation in the twenty-first century, publicados, respectivamente, nos dias 9 de setembro e 7 de outubro, na Nature.

Bending the curve... utilizou diversos modelos e cenários recentemente desenvolvidos para entender como desacelerar o ritmo de desaparecimento de espécies vegetais e animais e passar a recuperar suas populações, ‘dobrando’ a curva de perda para ganho de biodiversidade. O estudo integrou o último Relatório do Planeta Vivo, do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), explorando metas globais de biodiversidade com foco na reversão dos impactos das atividades humanas.

 Area-based..., por sua vez,  focou em reexaminar o papel que as áreas protegidas podem ter neste século. O estudo mostrou como a expansão de áreas protegidas por governos nacionais desde 2010 teve sucesso limitado em aumentar a cobertura em diferentes elementos da biodiversidade e serviços ecossistêmicos:

- Segundo esse estudo, para melhorar as chances de sucesso após 2020, a conservação baseada em área deve se inserir melhor em um planejamento integrado do uso da terra, para contribuir de forma mais eficaz para atender às metas globais de conservação e uso sustentável da Natureza, que vão desde a prevenção de extinções de espécies até a proteção dos ecossistemas mais intactos, incluindo a repartição justa dos custos e benefícios desta conservação e uso sustentável, investindo na colaboração efetiva e equitativa com povos indígenas, comunidades tradicionais e iniciativas privadas, comenta Strassburg.

O mais recente trabalho do qual é coautor, Set ambitious goals for biodiversity and sustainability, acaba de ser divulgado na revista Science. O artigo sintetiza o conhecimento científico sobre os múltiplos aspectos do potencial novo acordo global sobre a conservação e uso sustentável da Natureza, subsidiando a negociação da próxima geração de metas globais da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que serão adotadas em 2021 e enquadrarão as ações dos governos e outros atores nas próximas décadas.

Nature: Bending the curve of terrestrial biodiversity needs an integrated strategy - publicação: https://www.iis-rio.org/wp-content/uploads/2020/09/41586_2020_2705_OnlinePDF_300.pdf

Nature: Area-based conservation in the twenty-first century - publicação: https://www.nature.com/articles/s41586-020-2773-z

Nature: Global priority areas for ecosystem restoration - publicação: https://rdcu.be/b8v3A

Science: Set ambitious goals for biodiversity and sustainability - publicação: https://iis-rio.org/wp-content/uploads/2020/10/diaz-10-23-20.pdf




Publicada em: 01/11/2020