Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão
Valor acadêmico e papel social das práticas extensionistas em instituições de ensino e pesquisa comunitárias são elaborados em livro de Andrea Oliveira, doutoranda em Serviço Social
Andrea Oliveira, doutoranda do Departamento de Serviço Social, analisou o papel da extensão em instituições comunitárias - Foto: arquivo pessoal
Se ensino, pesquisa e extensão são indissociáveis segundo a própria Constituição Federal, por que, muitas vezes, na prática, isso não acontece? A inquietude despertada a partir da formação em serviço social e direito, e da experiência profissional em programas e projetos de extensão e ação comunitária, foi a origem da dissertação de mestrado de Andrea Oliveira, orientada pela professora Nilza Rogéria de Andrade Nunes, do Serviço Social, e transformada em livro.
Com a segunda capa escrita pelo ex-vice-reitor para Assuntos Comunitários e atual assessor especial da Reitoria, professor Augusto Sampaio, o prefácio pela professora Nilza de Andrade, do Serviço Social, e a contracapa pelo professor Renato Costa, da Educação, Extensão Universitária como Práxis Dialógica – O olhar das instituições comunitárias de educação superior brasileiras (editora CRV) investiga de que forma universidades como a PUC-Rio, em seu compromisso com a sociedade, entendem o papel da extensão. O livro tem lançamento previsto para o dia 30 de novembro, durante o III Seminário de Extensão da PUC-Rio.
– A gestação da pesquisa foi motivada pela convicção de que a extensão universitária é o elemento síntese e propulsor do ensino e da pesquisa de qualidade e pela percepção de que muitos alunos vislumbram, nas ações extensionistas, uma forma de conseguir uma bolsa de estudos ou um mero cumprimento de horas em atividade complementar, ou ainda por associá-las a ações religiosas, à caridade e ao assistencialismo. Pouquíssimos estão, de fato, conscientes de que a extensão também os mobiliza para uma condição de cidadãos responsáveis e solidários permitindo uma formação profissional atualizada e competente. Tampouco compreendem a importância da extensão como parte do processo de modernização do ensino superior brasileiro, que eles próprios reivindicam – esclarece Oliveira, hoje doutoranda do Serviço Social, além de assessora da Coordenação Central de Inovação em Estratégia Pedagógica.
Para a autora, o reconhecimento da extensão universitária como investimento humano, social, cultural e instrumento de cidadania – que se propõe à superação do ensino instrumental, utilitário e mercantil, através de práticas crítico-reflexivas – vai auxiliar na mudança da cultura que a enxerga como coadjuvante no processo de formação discente. A extensão tem caminhado para uma consolidação enquanto espaço de aprendizagem institucionalmente reconhecido pela academia, ao contribuir para a reflexão da conjuntura social contemporânea, uma vez que a universidade se une à sociedade através da responsabilidade social.
– Compreendemos que, na relação indissociável das dimensões acadêmicas, a extensão universitária é a instrumentalizadora do processo dialético teoria e prática. Ela leva à universidade a inovação necessária quando democratiza e socializa o saber científico sem privilegiar apenas uma parcela da sociedade, e quando leva às comunidades possibilidades de transformação, formação e crescimento – sublinha Oliveira.
O estudo empírico foi desenvolvido em território nacional, com recorte regional, em seis instituições de ensino superior católicas que atendem ao requisito legal de universidade comunitária. Para tanto, a pesquisa de caráter qualitativo utilizou o método da triangulação, que possibilitou a combinação de coleta de dados, teorias e amostras para consolidar as conclusões a respeito do desenvolvimento da extensão naquelas universidades.
Os resultados alcançados apontam que a extensão nas instituições comunitárias é compreendida como uma questão identitária, manifestando-se como sua razão de existir:
– Contudo, para o reconhecimento do seu verdadeiro valor acadêmico, dentro e fora dos muros universitários, ainda se faz necessário um grande empenho por parte dos atores envolvidos na implantação, implementação e consolidação da política extensionista como parte fundamental da missão das universidades comunitárias, avalia a pesquisadora.