Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão
Projetos coordenados pelo professor da Geografia, Bernardo Strassburg, à frente do Núcleo de Ciências para a Conservação e Sustentabilidade do Rio (CSRio), da PUC-Rio, e do Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS) - parceiro de pesquisas da Universidade -, pelo professor da Química Omar Pandoli e pelo professor da Física Thiago Guerreiro foram escolhidos para receber financiamento do Instituto Serrapilheira, instituição privada sem fins lucrativos cujo objetivo é valorizar a ciência e aumentar sua visibilidade e impacto no Brasil. Por meio de dotação de recursos, o instituto apoia projetos de pesquisa e divulgação científica.
O resultado foi anunciado no dia 21 de dezembro, e apenas 65 projetos (de um total de 1.995 submetidos por pesquisadores de 331 instituições distintas) foram aprovados. Dois outros professores da PUC-Rio, Omar Pandoli, da Química, e Thiago Guerreiro, da Física, tiveram projetos contemplados.
Os professores Bernardo Strassburg (esq.), da Geografia, e Omar Pandoli, da Química: projetos financiados pelo Instituto Serrapilheira - Fotos: JP Araújo e arquivo pessoal– Basicamente foi a primeira chamada de apoio a projetos de pesquisa que o novo Instituto Serrapilheira fez. Foi um processo criativo e diferente, não havia tópico definido, queriam ideias cientificamente inovadoras e que inspirassem o público geral nos vários campos do conhecimento, com foco em Ciências Exatas e Naturais, informa Strassburg.
De acordo com o coordenador, no projeto aprovado pelo Serrapilheira, as pesquisas realizadas sintetizarão o conhecimento disponível na literatura acadêmica sobre restauração e biodiversidade, mudanças climáticas, água e benefícios sociais. Em paralelo, um algortimo de otimização será desenvolvido para encontrar as soluções espaciais que maximizem benefícios e minimizem custos.
No processo, padrões e sinergias serão revelados e analisados. Os mapas resultantes serão usados pelo Ministério do Meio Ambiente como mapas de áreas prioritárias para restauração. “A ambição final é criar o método científico mais sofisticado disponível, descobrir e analisar padrões da natureza e sua interação com a sociedade. Então aplicar este método para situações reais em todos os biomas brasileiros e replicá-lo também em outros países e em escala global”, observa o pesquisador.
Matéria escura - O professor Thiago Guerreiro, da Física, irá em busca de mais detalhes a respeito da matéria escura do universo. Através da observação da rotação de galáxias e, entre outras evidências, do ''eco'' eletromagnético proveniente do Big-Bang (a radiação cósmica de fundo), foi descoberto que a maior parte da matéria que compõe o universo consiste de uma misteriosa forma de matéria escura e energia escura que não podem ser compreendidas com o atual modelo padrão da física de partículas. O modelo padrão da cosmologia requer a existência dessa misteriosa nova forma de matéria. Com isso, ele propõe a construção de um experimento capaz de procurar por novas forças e interações entre a matéria usual, que potencialmente estariam relacionadas a novas partículas que compõem esta matéria escura do nosso universo. Seria um sensor de forças e deslocamentos explorando efeitos de mecânica quântica, ótica e opto-mecânica. O sensor fará uso uma micromembrana e uma microesfera, posicionados a pequenas distâncias, da ordem de micrômetros, dentro de uma cavidade ótica alimentada por um laser de alta precisão. Potenciais novas interações entre a matéria que se manifestariam apenas em distancias pequenas - interações essas associadas a novas partículas candidatas a matéria escura - poderiam induzir movimentos na membrana e esfera, que por sua vez podem ser medidos monitorando o laser e as propriedades óticas da cavidade. O experimento, que está em fase de construção na PUC-Rio, abrirá portas para o desenvolvimento da opto-mecânica quântica no Brasil, uma ativa área de pesquisa em física. “Desenvolver essa tecnologia é extremamente relevante para o avanço da ciência, podendo levar ao desenvolvimento de aparelhos de medida capazes de buscar por novos efeitos físicos”, reforça Guerreiro.
Bambu para reatores químicos - A pesquisa do professor Omar Pandoli, da Química, vai aproveitar a anatomia do bambu para fazer com que seus canais vasculares transformem a planta em um microreator químico através da manipulação de pequenos volumes de líquido (técnica denominada microfluídica, que permite resultados mais rápidos e confiáveis). A pesquisa realizada até hoje levou a uma ideia inovadora para a criação de um dispositivo microfluídico biológico (o bambu, em si), permitindo o desenvolvimento de uma nova classe de microreatores biomiméticos (os canais do bambu), mais baratos e sustentáveis em comparação aos sistemas microfluídicos confeccionados artificialmente e atualmente disponíveis no mercado. “Com o uso de nanopartículas metálicas que serão depositadas ao longo dos canais vasculares do bambu, ocorrerão reações orgânicas catalisadas pelo metal, acelerando a reação e encurtando o tempo necessário para a obtenção do produto desejado, permitindo menor desperdício dos reagentes, o uso de solventes menos impactantes ao meio ambiente e um maior rendimento de uma reação orgânica”, explica Pandoli.