Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão
Responsável pela área de ecossistemas terrestres, pesquisador traz modelo inovador para cenários de uso da terra voltados à conservação e à restauração
O professor Bernardo Strassburg, do Departamento de Geografia e Meio Ambiente, que é também coordenador do Centro de Ciências da Conservação e Sustentabilidade do Rio, sediado na Universidade, e diretor do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS), foi escolhido um dos sete especialistas mundiais a compor a força-tarefa científica da Década de Restauração de Ecossistemas, da ONU.
Considerado um dos pilares da Década, o corpo técnico tem como missão apresentar uma reflexão fundamental sobre a restauração de ecossistemas, bem como fornecer suporte científico robusto ao longo do processo. Assim, a força-tarefa estabelecerá as bases de conhecimento para que todos os parceiros envolvidos na Década construam seus planos de ação. Além de Strassburg, são membros integram o grupo de trabalho Mike Acreman, University College London (United Kingdom) - Freshwater ecosystems; Angela Andrade, Senior Climate Change and Biodiversity Director, Conservation International (Colombia) - Chair of IUCN Commission on Ecosystem Management; James Kairo, Chief Scientist, Kenya Marine and Fisheries Institute (Kenya) - Marine and coastal ecosystems; Gam Shimray, Secretary-General, Asia Indigenous Peoples Pact (Thailand) - Indigenous peoples and traditional knowledge; e Priya Shyamsundar, Lead Economist, The Nature Conservancy (USA) - Economics of restoration.
O movimento lançado na Semana Mundial do Meio Ambiente – entre 25 de maio e 05 de junho – é liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e inclui a articulação de um impulso político para a restauração, assim como milhares de iniciativas em campo que visam deter a degradação dos ecossistemas e restaurá-los para atingir objetivos globais.
– A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que 2021-2030 será a Década da Restauração de Ecossistemas. O período marca também o prazo final para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o limite identificado pelos cientistas para evitar mudanças climáticas catastróficas. Como um dos parceiros da Década de Restauração de Ecossistemas, IIS proverá uma modelagem integrada e robusta para cenários de uso da terra voltados à conservação e à restauração, assim como resultados para diferentes objetivos – esclarece Strassburg, que responde pela área de ecossistemas terrestres.
Segundo o diretor do IIS, a modelagem apoia o desenvolvimento do Quadro de Biodiversidade Global pós-2020 da Conferência das Partes, da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que tem como objetivo orientar o processo de estabelecimento das metas e objetivos nacionais, subnacionais e regionais, assim como facilitar o monitoramento e a revisão do progresso em nível global. "Dentro do processo de planejamento, uma das necessidades das diversas partes envolvidas será determinar os objetivos comuns que orientarão as ações futuras e a correspondente mensuração dos impactos, de forma lúcida e transparente, com base em soluções e dados científicos", sublinha.
O lançamento da Década da Restauração de Ecossistemas compreendeu uma série de eventos virtuais organizados pelo PNUMA e parceiros, dois deles com a participação de Strassburg. No primeiro painel, realizado no dia 1º de junho, o corpo técnico compartilhou fundamentos da ciência da restauração de ecossistemas e preparou recomendações para o alcance de qualidade nos resultados das restaurações, além de considerações para garantir que a Década atinja seus objetivos.
– A restauração tem o potencial de contribuir para todos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, mas nem todos os benefícios da restauração podem ser maximizados simultaneamente, e diferentes objetivos ecológicos e sociais podem surgir em um projeto de restauração. É crucial, portanto, desenvolver um entendimento comum da necessidade de restauração e dos benefícios e custos que cada grupo poderá obter como resultado, a fim de motivar as pessoas, mobilizar recursos, maximizar os benefícios e minimizar os potenciais impactos negativos para encontrar o equilíbrio certo. Para uma restauração eficaz, o planejamento deve ser participativo, inclusivo e equilibrar as prioridades e compensações geradas pelas necessidades específicas das partes interessadas – pontuou o pesquisador durante sua exposição.
O painel The Road to Kunming – Restoration in the Post-2020 Biodiversity Framework, realizado em 04 de junho, reuniu, mais uma vez, especialistas de alto nível para discutir algumas das lições aprendidas com a implementação das Metas de Biodiversidade de Aichi, com o objetivo de construir um momento político apropriado e aumentar a ambição de integrar a restauração de ecossistemas na estrutura da biodiversidade global pós-2020. Ao lado da secretária-executiva da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) e de autoridades internacionais, Bernardo Strassburg atuou na qualidade de especialista do CDB para restauração de ecossistemas e no esboço do Quadro de Biodiversidade Global Pós-2020.
– O planejamento espacial da restauração apoia a tomada de decisões estratégicas e aumenta a probabilidade de a restauração alcançar benefícios e resultados custo-efetivos, de forma justa e sustentável. A restauração de ecossistemas traz diversos benefícios, porém implica em custos que variam substancialmente no espaço. Portanto, a identificação de áreas onde esses benefícios possam ser otimizados, e os custos minimizados, aumentará as chances de sucesso da restauração e os seus impactos positivos.