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Prêmios e Destaques Acadêmicos

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
One word: conquista

Kawe de Sá, ex-aluno de Mídia Digital e antigo integrante da equipe do Núcleo Digital de Animação, dirigiu animação "One Word", agraciada com o Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes

Duas telas de One Word: confusão, esforço, luta e perda para representar estado mental após acidentes graves - Divulgação


Kawe de Sá, ex-aluno de Mídias Digitais (Artes & Design) e do Núcleo Digital de Animação (N.A.D.A) da PUC-Rio foi responsável pela direção do filme
One Word, que recebeu o prêmio Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes, no dia 17 de junho.

Desenvolvido pela agência americana Area23, em parceria com o estúdio Lightfarm – do qual Kawe faz parte – One Word integra a campanha de um novo aplicativo da The Learning Corp, o Constant Therapy, voltado a pacientes com algum tipo de trauma ou lesão cerebral. Em frenéticos três meses, a criação do filme utilizou as ferramentas Blender (Eevee) Cinema 4D, Zbrush, Houdini, After Effects e Photoshop, e é uma mistura da animação 2D e 3D.

Em entrevista à assessoria de comunicação da Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos, Kawe de Sá fala sobre as técnicas utilizadas, da experiência na produção de One Word e dos tempos de PUC.

Do que trata o premiado One Word?

Kawe de Sá: O vídeo consta de uma campanha feita pela Area23, em parceria com a Lightfarm, para o Constant Therapy. Ele representa a dificuldade que algumas pessoas que sofreram trauma cerebral enfrentam na hora de se comunicar. Apesar do roteiro ter ido e vindo várias vezes, estava bem claro para o cliente que a história deveria ser contada de forma sutil. Isso tornou muito difícil começar o projeto, por não termos certeza por onde seguir. Foi quando decidimos que o principal objetivo era transmitir o sentimento de confusão, esforço, luta e perda, que se assemelha muito ao estado mental de uma pessoa que acabou de sofrer um acidente grave.

Como se dá sua inserção no app Constant Therapy?

Kawe de Sá: Esse aplicativo ajuda na reabilitação de pessoas que sofreram algum tipo de trauma cerebral. Em alguns casos, o trauma rompe as conexões neurais destruindo a memória e levando ao esquecimento. O aplicativo força a criação de conexões neurais através da associação de palavras, melhorando a fala e possibilitando a comunicação.

Como você se envolveu com o projeto?

Kawe de Sá: Ano passado, a Area23, uma agência dos Estados Unidos, convidou o nosso estúdio, Lightfarm, a participar do festival. Eles queriam que a gente produzisse o vídeo da campanha que eles estavam desenvolvendo. Nós sempre participamos de Cannes, mas com imagens e não com animações. Lightfarm é um estúdio novo, que começou a fazer animações há quatro anos, e essa proposta era uma boa oportunidade de mostrarmos o nosso trabalho. Esse projeto entrou na casa em novembro do ano passado, mas o cliente estava meio perdido e não tinha um roteiro aprovado. Só entregou alguma coisa no final de fevereiro, quando assumi o projeto.

E o processo após o envio do roteiro pelo cliente?

Kawe de Sá: O primeiro passo foi criar um Animatic (storyboard animado), que é a primeira versão do filme. Para isso construímos um ambiente 3D e animamos os principais elementos, focando no enquadramento e no timing. O segundo passo foi dar cor àquele universo. Nossos ilustradores escolheram alguns momentos importantes do filme para pintar. Essas pinturas, chamadas de colorkeys, se tornaram o nosso Santo Graal, e foi o que guiou o resto do processo. Estava claro para todo mundo que o objetivo era chegar no mesmo nível de acabamento dos colorkeys, independentemente do software utilizado, o que acabou por demandar algumas semanas de teste e experimentação, até optarmos por uma mistura de Blender, After Effects e Photoshop. O Blender é um software 3D gratuito que está em crescimento e oferece uma variedade de ferramentas poderosas. Ele nos chamou atenção pelo novo sistema de luz e materiais, chamado Evee, que permite renderizar imagens em tempo real. O After Effects é um software muito usado para motion e foi escolhido por sua versatilidade. Já o Photoshop foi usado para animar algumas coisas complementares. Depois de definirmos o processo, ficou mais fácil entender o que deveríamos fazer. O resto foi correria, suor e desespero. Algo normal para quem trabalha na área.

E quanto ao trabalho de diretor de animação?

Kawe de Sá: Até então, a maioria dos projetos de que participei dependiam da minha habilidade como animador, mas não como diretor. E apesar de ter atuado na criação de projetos como Bloom, Twerking Sausages, e Dream of Ink, eu nunca precisei me comunicar muito com as outras áreas. Entretanto, como esse prazo estava bastante apertado, seria impossível completar esse projeto sem envolver o estúdio inteiro. O meu papel foi construir um Animatic que definisse a história. Depois disso, me preocupei em garantir que todos soubessem o que fazer para o filme ganhar vida. Não foi fácil e muitas surpresas apareceram ao longo do caminho, mas no final deu certo. Foi um aprendizado enorme e uma etapa de amadurecimento importante para o estúdio.

O que poderia dizer sobre contribuições de seu curso em Mídias Digitais e do estágio no N.A.D.A para a sua vida profissional?

Kawe de Sá: Eu acho que a faculdade serve para abrir a cabeça do estudante e mostrar os diversos caminhos profissionais que ele pode seguir. Eu trilhei diversos caminhos durante a faculdade e acabei me voltando para a animação, que era onde eu me encaixava melhor.

O N.A.D.A foi essencial para o meu sucesso profissional e foi onde eu comecei a perceber a animação como um caminho viável. O futuro depende muito do conhecimento que se acumula e das amizades que se formam ao longo do tempo. Foi no N.A.D.A onde conheci a maioria das pessoas que me acompanharam pela faculdade, e que, mais tarde, me indicaram para oportunidades de trabalho. Se não fosse por essa base, não teria virado o profissional que eu sou hoje. Hoje, eu gostaria de compartilhar o conhecimento que adquiri ao longo desses anos, e estou à disposição de fazer uma parceria com a PUC no futuro. Eu enxergo a arte digital como uma nova forma de expressão e gostaria de ver mais pessoas seguindo esse caminho.


Assista a One Word em: http://lightfarm.com/one-word/




Publicada em: 10/07/2019