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Prêmios e Destaques Acadêmicos

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
O fascismo que nunca acaba

'Ur-fascismo', na ficção e na vida, é tema de dissertação de Letras que acaba de receber o Prêmio Dirce Côrtes Riedel, da ABRALIC

Print Screen de cena do filme Ele está de volta, em que um grupo de torcedores alemães durante a Copa de 2014 se junta para tirar uma foto com um ator interpretando Hitler, todos fazendo a saudação Nazista – Er ist wie der da, 2015, aprox. 47:30 min


A dissertação de mestrado O Ur-Fascismo ontem e hoje: aparições literárias de uma metodologia de poder, de Sergio Schargel, aluno do Programa de Pós-graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, conquistou o Prêmio Dirce Côrtes Riedel, conferido pela Associação Brasileira de Literatura Comparada – ABRALIC. Dirigido a teses e dissertações, o prêmio tem como objetivo reconhecer o mérito de trabalhos acadêmicos na área dos estudos literários, contemplando a melhor dissertação e a melhor tese defendidas entre março de 2019 e maio de 2021. A dissertação teve a orientação da professora Vera Lucia Follain de Figueiredo, do Departamento de Letras.

Partindo da discussão de uma base teórica sobre teoria política, em particular a do ‘Ur-Fascismo’ – conceito criado pelo semiólogo italiano Umberto Eco para abarcar todas as versões de fascismo, a despeito das características distintas de cada uma de suas manifestações – o trabalho buscou perceber como a ficção tratou aparições e características daquele fenômeno, tomando, para isso, dois objetos: Não vai acontecer aqui, de Sinclair Lewis, e Ele está de volta, de Timur Vermes.

– A Freedom House, instituição estadunidense, reportou 2019 como o décimo quarto ano seguido de recessão democrática mundial, uma crise que ressuscita a discussão acerca do conceito usado para denominar esses movimentos antidemocráticos. O ‘Ur-Fascismo’ é o fascismo que nunca acaba, que se reconstrói, se retrabalha, se adequa a cada época, dado seu caráter infinito. Mantém características basilares que permitem compreendê-lo a partir de suas interseções, mas absorve novas conforme se espalha para novos tempos-espaços. As distintas aparições do fascismo não se limitam à política da realidade: a política da ficção tratou de apresentá-lo de diversas formas – define o autor.

De acordo com Schargel, o conceito tornou possível trabalhar as idiossincrasias dos ‘Ur- Fascismos’ de ambas as ficções, suas diferenças e similitudes, em consonância com as bases da teoria política e com outras ficções paralelas; no processo, foi possível expandir tanto o estado da arte sobre literaturas do ‘Ur-Fascismo’, quanto contribuir com a discussão sobre um fenômeno político pouco compreendido.

“O trabalho se encerra com uma discussão, a partir da ideia de ‘vaga-lumes’ – aqueles que se debatem na escuridão de seu próprio tempo, no esforço hercúleo de fomentar o pensamento crítico –, de Pasolini e Didi-Huberman, sobre a importância da arte, em especial a arte antifascista, na luta contra o Ur-Fascismo”, salienta.




Publicada em: 28/10/2021