Pesquisa, Desenvolvimento e Extensão
Projeções têm apresentado números bem próximos aos oficiais; estudo atualizado, com validade até 30 de março, constata crescimento abaixo do previsto, mas chama atenção para subnotificação e demora nos resultados
Relatórios periódicos elaborados pelo Núcleo de Operações em Inteligência e Saúde (NOIS) - formado por pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial (DEI) e do Instituto Tecgraf da PUC-Rio, do Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal) / Espanha, da Divisão de Pneumologia / InCor, do Hospital das Clínicas (FMUSP), da Universidade de São Paulo, da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de janeiro, SES RJ, Brasil, e do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino - trazem um comparativo da evolução do coronavírus no Brasil com China, Coreia do Sul, Itália e Espanha.
A inserção da Universidade nos trabalhos se deu por meio de antiga e sólida parceria entre o professor Silvo Hamacher, do DEI, e o Dr. Fernando Bozza, da Fiocruz, que atualmente co-orienta duas teses de doutorado com Hamacher, na área de aplicaçõesde inteligência artificial ao setor de saúde.
Remotamente, os doutorandos Leonardo, da Holanda, e Otavio Ranzani, de Barcelona - FOTO: arquivo pessoal
O quarto e último – até agora – relatório do NOIS, divulgado na tarde do dia 24 de março, contempla o período de 23 a dia 30 de março.
O núcleo vem realizando projeções nacionais desde o do Dia 0 do coronavírus no Brasil, datado de 11 de março, quando o número de casos ultrapassava 50. Os estudos também consideram as diferentes ações adotadas naqueles países, a partir do dia em que foram confirmados 50 casos (à exceção da China). Por meio de escalas aritmética (aumento do número de casos) e logarítmica (evolução da taxa de crescimento de casos), eles mostram que as medidas de isolamento impactaram de forma positiva, reduzindo a contaminação e estabilizando o poder de contaminação. Quarentena, testagem massiva, isolamento da população, fechamento de escolas e fronteiras e proibição de eventos, por exemplo, interferiram diretamente nos resultados.
Os pesquisadores alertam que os resultados diferem de acordo com o tempo que as medidas levaram para ser implantadas e o número de casos de cada país desde o primeiro dia de adoção. No Brasil, as primeiras medidas de contenção começaram a ser implementadas quase uma semana depois do dia 0, no dia 17 de março, com impacto na desaceleração da taxa de infecção em uma ou duas semanas da data de sua aplicação, de acordo com o cenário externo.
Em sua primeira Nota Técnica, de 16 de março, o Núcleo de Operações e Inteligência e Saúde projetou que, no cenário mais pessimista, o Brasil teria, no dia 23 de março, 1.979 casos de coronavírus. Uma variação de apenas 4,4% acima do total de 1.891 casos confirmados pelo Ministério da Saúde naquele dia. Em função da dinâmica constante em relação aos dados informados oficialmente, dia após dia, o NOIS atualizou os números em seu quarto estudo denominado NT4: “Projeção de casos de infecção por COVID-19 no Brasil até 30 de março de 2020” e estima que, neste mesmo cenário pessimista, mais de 11.500 casos sejam notificados até o dia 30 de março.
Mais informações sobre os trabalhos do núcleo estão em https://sites.google.com/view/nois-pucrio e no Twitter do NOIS: https://twitter.com/NOIS_PUCRio.