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Prêmios e Destaques Acadêmicos

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
Modernidade em constelação

Tese do Programa de Pós-graduação em História Social da Cultura vence Prêmio ANPHLAC de Teses 2022


A tese Modernidade em constelação: Experiências estéticas simbolistas e modernistas em revistas literárias na cena finissecular (Buenos Aires, Ciudad de México, Paris e Rio de Janeiro, anos 1886-1904), de autoria de Mariana Albuquerque Gomes, do Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura, foi vencedora do Prêmio ANPHLAC de Teses, na categoria História da América Independente. Conferido pela Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas (ANPHLAC), o prêmio visa distinguir teses produzidas no Brasil de elevado valor para o avanço do campo de História das Américas.

Sob a orientação da professora Maria Elisa Noronha de Sá, a tese recupera a importância das experiências estéticas que emergem em diferentes espaços, na passagem do século XIX para o século XX, e se apresentam em franca afinidade com a modernidade exposta pelo francês Charles Baudelaire, ainda em meados do século XIX. Isto a partir da análise de revistas literárias publicadas em quatro cenas finisseculares distintas: as experiências estéticas simbolistas nas revistas La Vogue (1886) e Le Symboliste (1886), em Paris, nas revistas Pierrot (1890), Galaxia (1896) e Rosa-Cruz (1901/1904), no Rio de Janeiro; e as modernistas hispano-americanas na Revista de America (1894), em Buenos Aires, e na Revista Azul (1894), na Cidade do México.

– Ao mundo moderno finissecular, capturado pela ideia do progresso e da técnica, simbolistas e modernistas partilham uma crítica poética que reinsere a imaginação no livre fazer artístico em resistência ao pensamento cientificista, às normas acadêmicas e à mercantilização da Arte, o que permite entrever o caráter político intrínseco a sua manifestação estética, explica a autora. Segundo Mariana Gomes, esses artistas elaboram suas reflexões sobre a arte, o papel do artista e a linguagem poética reunidos em cenáculos e revistas literárias:

– Embora a individualidade que compõe cada artista, a diversidade de elaborações intelectuais e as singularidades de cada experiência histórica – tanto em sua historicidade quanto nas condições culturais e sócio-históricas do momento de surgimento dessas experiências estéticas – desvelem diferenças, ainda assim elas podem ser apresentadas sem que sejam apreendidas em relações lineares, progressivas e hierarquizadas, comumente dicotomizadas, que as conformem como centrais ou periféricas, originais ou imitadoras, modernas ou pré-modernas...

De acordo com a autora, para pensar essas experiências e a poética crítica da modernidade fora da conformação dada pelo continuum da História, a imagem da constelação, apresentada por Walter Benjamin, é utilizada ao mesmo tempo como proposição teórica e modo de exposição. "Benjamin mostra como é possível dar a ver nos elementos distantes-diferentes uma tênue ligação, outrora não aparente, iluminada a partir da apresentação desses em constelação".

A tese premiada é composta por três momentos. No primeiro, é realizado um panorama sobre a questão da modernidade em Baudelaire e sobre as configurações das cenas finisseculares em que surgem as experiências simbolistas e modernistas, destacando que, estéticas, elas compreendem a dimensão política. "Esse primeiro momento ainda traz o debate em torno da imagem benjaminiana da constelação", observa. No segundo, discute-se a questão da crítica moderna para, então, no terceiro momento, contemplar o compartilhamento de ideias e imagens presentes nas críticas que figuram, sobretudo, mas não apenas, nas revistas literárias simbolistas e modernistas, em uma apresentação da modernidade em constelação.




Publicada em: 17/08/2022