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Vice-reitoria para Assuntos Acadêmicos

Prêmios e Destaques Acadêmicos

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
Docente exemplar

Adriana Braga, da Comunicação, é primeira sul-americana a receber Prêmio Louis Forsdale, concedido pela Media Ecology Association

À esquerda, a professora Adriana Braga discursa em agradecimento ao Prêmio Louis Forsdale; na foto à direita, de preto, durante debate no Congresso da MEA, do qual foi a organizadora - Fotos: arquivo pessoal


Adriana Braga, do Departamento de Comunicação, é a primeira docente da América do Sul agraciada com o Prêmio Louis Forsdale para Educadora de Excelência no campo da Ecologia das Mídias. O anúncio foi feito em cerimônia realizada durante o 23° Congresso da Associação, sediado pela primeira vez no Hemisfério Sul, na PUC-Rio, entre os dias 7 e 10 de julho.

Concedido pela Media Ecology Association (MEA), que tem sede na Fordham University, em Nova York, o prêmio homenageia docentes exemplares e leva o nome do orientador de Neil Postman, um dos fundadores da Ecologia das Mídias. Além de Postman, Forsdale orientou um grande número de estudantes de mestrado na Columbia University Teachers College, como Charles Weingartner, e os apresentou a Marshall McLuhan ainda nos anos 1950.

– A Ecologia das Mídias é uma abordagem para a análise da ação das tecnologias na vida social, que coloca em primeiro plano os meios de comunicação e as tecnologias em geral, ao invés das próprias mensagens ou conteúdos. Envolve o estudo das consequências sociais, culturais e psíquicas das mídias, a partir de suas materialidades, independentemente de seus conteúdos, seguindo o aforismo definidor de McLuhan: “o meio é a mensagem”; considera, portanto, que nenhuma tecnologia é neutra, mas carrega em si uma visão de mundo. A introdução de qualquer mídia ou tecnologia em uma cultura não é aditiva, é ecológica, ou seja, promove uma mudança total, define a professora, complementando: "Os autores pioneiros da ‘Escola de Toronto’ ou Ecologia das Mídias são Marshall McLuhan, Neil Postman e Walter Ong. Em 1999, foram fundadas por orientandas/os e discípulos desses autores a Media Ecology Association e o seu periódico científico Explorations in Media Ecology (EME), que, desde então, amplia e desenvolve esse campo acadêmico".

O primeiro contato de Adriana Braga com o tema se deu em 2003, quando participava do seminário da International Association for Media and Communication Research (IAMCR), em Porto Alegre: “Tive a sorte de conhecer uma pesquisadora de Nova York chamada Sue Barnes. Logo após minha apresentação no congresso, Sue veio até mim e disse: o trabalho que você faz é Ecologia das Mídias”, lembra a pesquisadora.

Alguns anos depois, em 2005, Braga convidou Barnes para participar de um seminário que organizava em Portugal. O seminário europeu resultou na publicação do livro CMC, Identidades e Género: Teoria e Método, composto por quatro capítulos escritos por ecologistas das mídias.

– Naquele mesmo ano, participei da minha primeira Convenção MEA, realizada na cidade de Nova York. A sensação de liberdade acadêmica e o espírito de colegialidade que caracteriza os ecologistas das mídias me fascinaram. Imediatamente, senti um nítido contraste com a rígida abordagem disciplinar que cercou meu desenvolvimento inicial como professora e acadêmica. Sue Barnes estava certa – eu era uma ecologista das mídias.

Desde então, a professora participa, com assiduidade, da Associação. Em 2007, recebeu um prêmio por sua tese de doutorado, foi membra da diretoria entre 2009 e 2011 e, desde 2020, integra a Diretoria Executiva. Atualmente, é a Presidenta da MEA.

Há quase duas décadas, Braga atua na dispersão da perspectiva de Ecologia das Mídias no Brasil, tendo traduzido e publicado textos clássicos e contemporâneos da área, ministrado cursos, além de ser coautora do livro de referência Introdução à Ecologia das Mídias, com Lance Strate e Paul Levinson (Loyola/PUC-Rio, 2019).

– O curso Introdução à Ecologia das Mídias foi criado em 2020 para oferecer uma formação teórica e metodológica nesta vertente para estudantes brasileiras/os, pois em 2021, a PUC-Rio sediaria a Convenção da MEA de modo on-line. O curso foi um sucesso, com dezenas de estudantes matriculados, de várias áreas do conhecimento e de diferentes regiões do país. A partir de agosto, vou oferecer a disciplina Ecologia das Mídias: tecnologia e cultura, que já conta com dezenas de matrículas. Será também o primeiro curso em Ecologia das Mídias para a graduação no Brasil, observa.

Toda a trajetória de Adriana Braga, à qual se somaram relatos enviados a Media Ecology Association por alguns de seus alunos, resultou na escolha natural de seu nome para a distinção acadêmica conferida pela MEA. Em seu discurso, a professora expressou gratidão, honra e felicidade em receber o que chamou de prêmio extraordinário:

– Agradeço a meus alunos e alunas que, nestes 15 anos, me ensinaram a ser professora. E tenho um componente emocional adicional de receber este prêmio ‘em casa’, em minha própria universidade, e estando no meio de meus colegas, estudantes e amigos. Como Jesus certa vez disse: “Só em sua própria terra e em sua própria casa é que um profeta não tem honra”. Na aldeia global da MEA, eu me sinto muito honrada, muito obrigada.


Trechos de algumas cartas enviadas à comissão por alunos da professora Adriana Braga:

... “Sua imensa dedicação para explorar o campo da Ecologia das Mídias com seus estudantes”. Sempre ensina provocando, suas aulas nos apresentam este campo... “E nos mostrou a obra de McLuhan, Postman, Ong, entre muitos outros”.

“Eu me lembro de várias vezes em que discutíamos questões muito profundas sobre mídias, tecnologia e a condição humana. Falando pessoalmente, esses momentos foram importantes para dar forma à minha pesquisa e inspiraram muitas de minhas leituras”...

... “Em todos os seus cursos, ela dá autonomia para seus estudantes lerem e trazerem questões relativas aos textos. Quando os alunos apresentam os textos em aula, ela sempre intervém com o seu carisma, trazendo comentários, sugestões ou correções. Ela sempre encoraja os estudantes a irem além da ementa e a continuar explorando por conta própria”...

“O curso de Ecologia das Mídias que fiz na PUC-Rio foi o primeiro no Brasil e me ajudou a conseguir um estágio doutoral no St. Michaels College, da Universidade de Toronto”.

... “Ela está sempre disposta a nos oferecer conteúdos de qualidade para nossas questões e nos apresentou os autores que nos trouxeram a este campo”...

... “Ela nos encorajou a participar do Café Virtual para que pudéssemos interagir com os autores de referência em nossas pesquisas”...

“Conhecê-la foi um dos momentos mais importantes e felizes de toda a minha jornada acadêmica. Ela é uma profissional digna de muito respeito por sua abertura, vontade de ensinar e aprender com seus estudantes”...

... “Pessoalmente, vou ser eternamente grata por ela ter aceitado ser minha orientadora e por ter abraçado minha proposta de pesquisa. Ela sempre apoia minhas escolhas e incentiva minha autonomia como pesquisadora. Isso me habilita a buscar autores relevantes para a minha pesquisa e me abre para novas possibilidades, como apresentar meu trabalho em outro idioma (eu não entendi muito bem de qual idioma ela estaria falando...). Minha primeira participação na MEA é um exemplo disso”.

... “Graças a ela, eu tive a oportunidade de estudar fora do meu estado, que fica longe do Rio de Janeiro. Além disso, eu quero ressaltar a sensibilidade social que ela tem que se manifesta na vida cotidiana, o que a torna tanto uma profissional exemplar quanto uma pessoa maravilhosa”.




Publicada em: 29/07/2022