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Prêmios e Destaques Acadêmicos

Por Renata Ratton Assessora de Comunicação - Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos
Padre Waldecir Gonzaga, diretor da Teologia, é eleito presidente mundial da Conferência de Instituições Teológicas Católicas (CITC)

Como principais desafios, renovar o trabalho em rede e resgatar o ânimo entre suas afiliadas, a partir das experiências de sucesso enquanto Delegado para a América Latina e o Caribe

Na Assembleia Geral, no momento seguinte à eleição, a partir da direita: professores Alex Lisboa (Portugal), Ana Jorge (Portugal), Gilles Routhier (Canadá, ex-presidente mundial), Fernando Soler (Chile), Pe. Waldecir (PUC-Rio), Mario Rivera (Colombia), Michel Andraos (Canadá), Benjamim Akotia (Costa do Marfim) e Alexandre Palma (Portugal); no telão, membros de todas as afiliadas que acessaram a assembleia virtualmente; no detalhe, Pe. Waldecir Gonzaga, ao receber a notícia da eleição por unanimidade - Fotos: arquivo pessoal


O diretor do Departamento de Teologia, professor e padre Waldecir Gonzaga, foi eleito, por unanimidade, presidente mundial da Conferência de Instituições Teológicas Católicas (CITC; COCTI, em inglês: Conference of Catholic Theological Institutions), com mandato de quatro anos, durante a Assembleia Geral da instituição realizada em Lisboa, Portugal. Além da presidência, padre Waldecir ocupará, pelo segundo quadriênio consecutivo, o cargo de Delegado para a América Latina e Caribe.

A CITC é uma associação profissional de decanos e diretores de instituições que servem à teologia universitária e fazem parte principalmente de universidades católicas, podendo existir igualmente em universidades não confessionais católicas. Sua principal atividade é a criação e manutenção de uma rede mundial de divulgação de informações de uso comum, de incentivo à montagem de projetos orquestrados, de arrecadação de recursos para essas atividades, especialmente àquelas voltadas para a pesquisa.

A conferência conta com seis delegados: um para a América do Norte; um para a América Latina e o Caribe – incluindo México, América Central até a Argentina; um para a África; um para a Europa; um para o Oriente Médio e um para a Ásia. O crescimento da regional da América Latina – a única do mundo que se expandiu durante a pandemia –, sob a presidência do padre Waldecir, como delegado, fez com que seu nome despontasse definitivamente na instituição.

A CITC nasceu em 1978, em assembleia da Federação Internacional das Universidades Católicas (FIUC) sediada em Porto Alegre, como um dos braços da federação. A CITC não tem submissão total à FIUC, mas tem uma ligação profunda. Ambas têm seu estatuto. Fundada em 1924, e aprovada pela Santa Sé em 1948, a FIUC ganhou um peso muito grande depois do Concílio Vaticano II, e a ideia da criação da CITC foi sendo gestada desde o início dos anos 1970.

– Da Conferência participam os Decanos de Teologia (assim chamados pela Santa Sé, mas que, na prática, são os diretores da Teologia). Na PUC-Rio, por sinal, a faculdade de Teologia é a única que tem certas especificidades – nós temos uma Faculdade Eclesiástica de Teologia, e só ela conta com uma comissão especial, além da comissão geral presente em todos os departamentos. É támbém a única da qual a Santa Sé confirma a nomeação do diretor – explica o presidente eleito.

Após residir e trabalhar em vários países, padre Waldecir Gonzaga chegou à PUC-Rio em 2013, onde permaneceu três anos como professor horista lecionando na graduação e pós-graduação, e em disciplinas da Cultura Religiosa. Foi Reitor da Igreja, em 2015 e, em 2016, foi integrado ao quadro principal e nomeado coordenador da graduação; em 2018, passou a exercer a direção do departamento. Na época, a CITC realizava sua 15ª Assembleia Geral, em Quebec, no Canadá, quando foi eleito delegado para a América Latina e o Caribe.

– Comecei um trabalho no continente, que, naturalmente, fez aumentar minha visibilidade junto à CITC mundial. No tempo de isolamento da pandemia, as ferramentas tecnológicas, como o Zoom e o Whatsapp, proporcionaram a proximidade entre as diversas faculdades eclesiásticas. Pude fazer várias propostas de trabalho, como, por exemplo, a criação de quatro eixos ou grupos para que trabalhássemos em rede, tendo presentes a docência, a pós-graduação, a pesquisa e as publicações. Desde o ano passado, procurei envolver a graduação. Em 2018, tivemos também a publicação do mais recente documento do papa Francisco acerca das Faculdades Eclesiásticas de Teologia, Filosofia e Direito Canônico, Veritatis Gaudium , auxiliando ainda mais no trabalho junto às Faculdades Eclesiásticas do mundo. De acordo com padre Waldecir, naquele ano, o tema da assembleia foi justamente a utilização do mundo digital para o ensino, a pesquisa e a evangelização, o que representaria começar a oferecer algumas disciplinas no ensino a distância. “Na PUC-Rio, tínhamos apenas duas disciplinas da CRE no EAD, hoje temos as quatro”.

Em 2019, a Assembleia Regional, que aconteceu na PUC-Rio, teve como tema publicações, pois os teólogos brasileiros buscavam entender os critérios de publicação da América Espanhola e os teólogos de língua espanhola os critérios do Brasil.

– Não temos os mesmos critérios de avaliação e queríamos um trabalho em rede de cooperação. Tendo em vista que as nossas revistas, a começar pelas do Departamento de Teologia – são cinco, entre pós-graduação e graduação – produzem textos em português, espanhol, italiano, inglês e alemão, por exemplo, precisamos dos avaliadores ou pareceristas de outras línguas para alcançarmos publicações de alto nível – reconhece o padre, que continua: “Em 2021, o tema da Assembleia Regional foi o trabalho em rede voltado para a questão do fazer teologia na América Latina, em colaboração com o mundo. O que poderíamos estreitar em termos de intercâmbios, na graduação, e cotutelas e pós-doc, na pós-graduação”.

Na Assembleia Geral deste ano (ela acontece de dois em dois anos), a Veritatis Gaudium, de 2018, foi retomada: “O que fizemos a partir de então, o que representou o documento para nós, e quais são os desafios”, a partir do tema: “A Teologia depois da Veritatis Gaudium”. Por falar em desafios, os membros presentes e no acesso virtual ao encontro, oriundos de diversos países, colocaram, antes da votação, os desafios e o perfil esperados para o novo presidente, em uma instituição onde não há força jurídica legal, mas uma força moral muito grande.

"O principal desafio será renovar o trabalho em rede e retomar o ânimo que a CITC sempre teve junto às 52 universidades afiliadas. Além disso, também estamos em busca de novas filiações, como conseguimos na América Latina. A minha ideia é fazer para o mundo o que fizemos para a América Latina”, planeja padre Waldecir. Segundo ele, os desafios levam em conta a diversidade de cada região:

– A primeira coisa a ter presente é a realidade socioeconômica, cultural, política de cada país, entender porque determinada eclesiástica tem aquelas características. Para a África subsaariana ou do norte, por exemplo, temos apenas uma eclesiástica, que, agora, está construindo polos, já que é necessário dialogar com o mundo muçulmano, essa é uma realidade local. No oriente médio, por sua vez, mais precisamente no Líbano, o diálogo é com os muçulmanos, mas também com os judeus e os ortodoxos, que têm uma grande representação no Oriente. A CITC tem três línguas oficiais: inglês, espanhol e francês. Tenho a impressão de caminhamos para a inclusão do italiano, chamado, internamente, por alguns, de latim moderno. Meus agradecimentos por escrito foram feitos em cinco línguas para facilitar a compreensão: inglês, francês, espanhol, italiano e português – comenta.

Como temas em vista para a Assembleia Geral de 2024, prevista para ser realizada em Roma, estão os desafios da fé, o fazer teológico em um mundo cada vez mais plural, multicultural, a fim de entender como a teologia poderia entrar em diálogo com todas essas situações, sobretudo com o mundo juvenil, com a produção e o fazer teológico, auxiliando não apenas a academia, mas também a pastoral e presença da Igreja no mundo.

– Mais do que nunca, temos consciência de que ninguém consegue fazer um saber sozinho. No âmbito de um mundo em crise de fé, o fazer teologia precisa estar em diálogo com os outros saberes e culturas e com as diversas realidades presentes no mundo: as mudanças no campo ético, moral, social, político, econômico, na questão sanitária etc., desafiam a teologia a buscar respostas em diálogo com os demais saberes. A fé não pode tirar o pé do chão. É preciso que os teólogos e teólogas não façam teologia de gabinete. Eu acredito que a Conferência pode ajudar as faculdades de teologia com um trabalho em rede, nas áreas da docência, da pós-graduação, publicação, pesquisa e extensão. Estou coordenando, inclusive, a publicação de um texto para a América Latina inteira, capítulos de livro sobre o tema metodologias teológicas. Todo o texto será trabalhado dentro da PUC-Rio. Considero que a minha eleição ajuda a levar o nome da nossa instituição pelo mundo, com um considerável ganho de visibilidade. A projeção da Universidade é algo espetacular, no momento em que o pluralismo religioso nos desafia ao diálogo.




Publicada em: 24/06/2022